Amiga alertou família sobre velório de idosa trocada por erro de hospital; 'Cheguei perto e vi que não era ela', diz
03/12/2024
Corpo de Neide Basso foi enviado à família de Neide Rossi, que segue internada na Santa Casa de Ribeirão Preto, SP. Família da idosa morta só descobriu falecimento 24 horas depois ao chegar para visita. Erro de comunicação termina com velório de mulher que está viva
Ao chegar para velar a amiga Neide Rossi no último domingo (1) em Cravinhos (SP), a aposentada Odete Oliveira dos Santos tomou um susto. Ela percebeu que o corpo que estava no caixão não era o da vizinha que conhece há mais de 50 anos, mas, sim o de outra pessoa.
“De primeira, assim que eu cheguei perto do caixão, eu vi que não era ela. Mas aí você tem que ficar na sua. Depois foram chegando os outros vizinhos e falaram: ‘não, essa não é a Neide’. O sobrinho chegou e falou: ‘não está parecendo minha tia’. Eu falei: não está mesmo”.
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Inquieta, Odete procurou um funcionário da funerária e avisou-o sobre um suposto erro. Foi neste momento que eles conferiram o atestado de óbito e a documentação e confirmaram que a Santa Casa de Ribeirão Preto (SP) havia liberado o corpo de uma paciente chamada Neide Basso, moradora de Pontal (SP).
“Eu pedi para o Gilberto deixar eu ver os papéis da mulher. Chamei a namorada do Juninho, que é filho da Neide, e aí eu fui pegar o Juninho na sala do velório. Ele falou: ‘Odete, eu conheço minha mãe’. Eu falei: Ju, você não está enxergando, você está vendo sua mãe, mas não é sua mãe. Você me perdoe, mas eu não vou deixar fazer isso com a sua mãe, não. Estava chegando a hora do enterro”, diz.
Odete Oliveira dos Santos percebeu que corpo em caixão não era o da amiga Neide Rossi
Cacá Trovó/EPTV
Neide Basso, de 81 anos, morreu no sábado (30) em razão de uma infecção urinária, enquanto que Neide Rossi, de 73 anos, segue internada na Santa Casa para tratar uma pneumonia.
De acordo com Gilberto Boldrin, funcionário da funerária, o erro partiu da Santa Casa.
“Eram duas Neides, mas com sobrenome diferente. Se tivessem dois corpos lá na hora da retirada, o erro poderia ser nosso, mas tinha um corpo só. O guarda, o segurança, viram que tinha um corpo só. Aí a nora ligou para a polícia, a Santa Casa. A polícia me orientou a levar o corpo de volta.”
À esquerda, Neide Basso de Oliveira, que morreu; à direita, Neide Rossi Benzi, que está viva
Reprodução/EPTV
Família de Neide Basso descobriu morte 24 horas depois
Enquanto a família de Neide Rossi descobria que a idosa estava viva, uma família de Pontal só tomou conhecimento da morte de Neide Basso 24 horas após o falecimento.
O jornalista Daniel Basso, irmão dela, estava a caminho da Santa Casa para a visita, quando recebeu o telefonema de um sobrinho, que já estava no hospital, dizendo que tinha sido informado que Neide tinha morrido há um dia.
“Ninguém ligou pra gente, inclusive quando ela foi internada, eu coloquei os telefones de todos os irmãos, são cinco. Eu ainda liguei para todos, porque pensei, às vezes ligaram e vocês não atenderam. Mas não tinha ligação, ninguém ficou sabendo de nada. A gente só soube porque era o horário de visita”, diz.
O jornalista Daniel Basso, irmão da aposentada Neide Basso, que morreu em Ribeirão Preto e teve o corpo enviado a uma família de Cravinhos, SP
Cacá Trovó/EPTV
Mas o choque maior foi a descoberta de que o corpo de Neide Basso já tinha sido liberado e velado por outra família em Cravinhos.
“É inacreditável. Fomos visitá-la achando que estava viva ainda e ela estava morta. Não só morta, como estava sendo velada em outra cidade. Um absurdo, um descaso, um despreparo, principalmente se falando em vida, pessoas.”
A amiga de Neide Rossi reforça o sentimento de revolta compartilhado por Daniel Basso.
“Isso não se faz com família nenhuma. Já é um sofrimento imenso dos dois lados, tanto é que a senhora Neide que o irmão chegou lá para visitá-la, ela estava aqui. Se fosse comigo, não ficaria assim, não. É um absurdo imenso”, afirma.
Neide Basso de Oliveira, de 81 anos, foi velada inicialmente por desconhecidos em Cravinhos, SP
Reprodução/EPTV
O que diz a Santa Casa
A família de Neide Basso registrou um boletim de ocorrência.
Procurada, a Santa Casa de Ribeirão admitiu o erro. O hospital informou, em nota, que ocorreu uma inconsistência na comunicação com as famílias e disse que presta sua solidariedade aos familiares.
“A instituição reforça seu compromisso e se coloca à disposição para prestar quaisquer esclarecimentos à família, oferecendo todo o acolhimento necessário, suporte e assistência.”
Ainda segundo a Santa Casa, uma análise interna detalhada foi iniciada para a apuração dos fatos.
Santa Casa de Ribeirão Preto, SP
Cacá Trovó/EPTV
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Erro de comunicação termina com velório de mulher que está viva